sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Woochi - The Demon Slayer

Arredado do cinema asiático há uns 5 anos, cinema que prezo e "consumi" também como uma oposição "saudável" aos produtos de pacote vindos dos EUA que nos assaltam os grandes e pequenos ecrãs, voltei a comprar três filmes asiáticos, e o primeiro a chegar foi visto ontem.
Sou fã do bom cinema de Hong Kong, nomeadamente o policial, ficando na retina a trilogia The Infernal Affairs, que deu origem ao The Departed, com Di Caprio e Jack Nicholson. Mas Johnnie To e a sua produtora MilkyWay Image, bem como muito do cinema pré-americano de John Woo ou os filmes de Wong Kar-Wai merecem destaque. O cinema de terror japonês, mais psicológico e menos sangrento do que o americano, e refeito até ao vómito pelos americanos, também me agrada (assim de repente lembro-me de The Ring, Dark Water, The Eye, filmes que fazem tão bem o que queriam fazer que me impediram de ver os remakes americanos). O cinema Sul Coreano tende a ser mais melodramático, desde The Host (uma mistura de estilos), até JSA e alguns filmes de guerra interessantes, ainda que por vezes demasiado longos. Este Woochi é longo, duas horas e um quarto, mas nada melodramático.
Woochi, The Demon Slayer é uma fantasia sul-coreana, uma espécie de Aprendiz de Feiticeiro, mas com panache.
Há 500 anos, durante a Dinastia Chosun a flauta da profecia corre o risco de cair nas mãos do ArquiDeus, dando o poder de libertar goblins (os demónios do título, que são bastante diferentes dos da imagética cristã/ocidental. Uma tem o aspeto de um coelho e outro de um rato.) Três deuses taoístas, uma espécie de três estarolas com poderes, vão pedir ajuda aos dois mestres da altura, O Mestre e Hwadam, dividindo a flauta em duas partes e ficando cada um dos mestres com uma das metades. O discípulo de O Mestre, Woochi é um tolo de bom coração, mas que não se aplica decentemente na arte da magia e causa problemas atrás de problemas.
Os primeiros 40 minutos de filme são tudo o que se espera de uma fantasia asiática passada há séculos atrás, cabelos e barbas compridas, saltos que parecem voos e os edifícios típicos daquela altura naquela zona geográfica. É esta primeira parte que nos apresenta as personagens, com bastante humor e alguma capacidade de descrição.
A primeira parte termina com a morte de O Mestre e o aprisionamento de Woochi, que será liberto já no presente pelos três deuses que o tentam usar para vencer os dois goblins já descritos que tentam encontrar a flauta para libertar os restantes companheiros.



É no presente que Woochi tenta depender menos dos talismãs que lhe dão poder e aprenderá a dominar a magia.

Já perceberam a ligação com O Aprendiz de Feiticeiro, não já? Woochi é uma clássica jornada de um herói para a maturidade, uma fantasia que não tenta ser mais do que isso, trazendo humor e diversas cenas de ação bem conseguidas. Os efeitos especiais estão um pouco abaixo do que Hollywood faz, nota-se nas poucas cenas em que os goblins aparecem de corpo inteiro, pouco mais são do que personagens de um jogo de consola.
O filme traz uma sensação de brincadeira e gozo de alguns dos filmes dos anos 80, e é mais interessante que alguns dos filmes que Hollywood produz atualmente. Obviamente que não se perde muito tempo com as diferenças temporais e dificuldades de adaptação aos tempos modernos, mas as personagens vão crescendo ao longo do filme, como é aliás comum neste tipo de filme, mas sem cair em dúvidas existenciais e brumas, já que o essencial é divertir.
No essencial, uma fantasia divertida, menos negra do que o título em inglês poderia sugerir, uma alternativa aos diversos filmes recheados de (melhores) efeitos especiais, mas normalmente mais mal construídos.
Um boa maneira de passar uma noite ou tarde de sábado.

7/10


Sem comentários:

Enviar um comentário