quinta-feira, 28 de janeiro de 2010



Façam um favor a vós mesmos. Gastem 11 Euros (11€) e comprem um dos grandes álbuns do ano.



quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Orçamento de Estado

Estou na horizontal, no meu sofá, a reler os primeiros onze números de Ex Machina, uma BD sobre um Mayor de Nova Iorque, que já foi super-herói.
A televisão está ligada na apresentação do Orçamento de Estado. Ouço o Ministro, vagamente, claro, a perorar sobre o conteúdo do mesmo.

Hoje, a caminho da escola, cumpro o ritual de cada manhã. 2€ pagam o Público e o i. Leio vagamente (novamente) sobre o conteúdo do Orçamento de Estado.

É impressão minha ou o Governo é constituído por portugueses. A única imagem na minha cabeça é aquela imagem do português e do seu cartão de crédito. Enquanto der, a gente gasta. Quando os bancos já não emprestarem mais... a gente logo vê.

Depois queixam-se que eu prefiro a ficção à realidade. Acho que hoje vou reler os one números de Ex Machina.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

30 Days of Night

Os subprodutos, que estão na moda, vampíricos levaram-me ontem a relembrar 30 Days of Night, o filme.

Curiosamente, Josh Hartnett consegue estar bem num filme, ou se quiserem, há um filme com ele que vale a pena, ainda que não seja para toda a gente.

30 Days of Night é a adaptação cinematográfica dos romances gráficos (nome pomposo para BDs) de Steve Niles e Ben Templesmith.

A história é simples. Uma cidade no Alasca, Barrow, é atacada por vampiros no momento em que está mais vulnerável, na altura em que passa por 30 dias de noite (o que acontece uma vez por ano).

Se a história era facilmente transponível para o grande ecrã, a dificuldade maior da adaptação passava pela manutenção do estilo de Templesmith, que é muito próprio.



Há quatro coisas a favor desta adaptação.
É dura, os vampiros não entram na linha romântica e sedutora da onda Twilight, mas são caracterizados como criaturas animalescas (daí que os grunhidos façam sentido e nos incomodem, quando em Destino Imortal são simplesmente ridículos). O carácter animalesco nota-se também na caracterização física e no sangue seco presente na parte inferior do rosto.

Por outro lado, a ambiência do filme. O som tem um papel preponderante neste filme, entre ruídos, gritos, grunhidos e respirações acentudas, a banda sonora transmite-nos a inquietação necessária para se retirar do filme o que os criadores desejam.

É claramente um filme de vampiros, mas é também um filme de resistência. Passamos metade do filme a assistir à tentativa dos humanos sobreviverem dos ataques (directos e indirectos) vampirescos, com o necessário esgotamento (físico e psicológico).

A realização é inteligente. Há sangue, a rodos, mas mais do que mostrar com a câmara em cima, por vezes coloca-se a câmara ao longe, de modo a transmitir a violência e a inutilidade dos esforços de fuga. Há cenas fortes, mas as cenas mais duras, psicologicamente falando, são aquelas em que só ouvimos a acção. Estou-me a lembrar duma cena em que Ben mata um dos seus colegas, entretanto transformado, e a única coisa que vemos (e ouvimos) é Stella, a sua esposa, agachada a uma parede e o som do seu choro.

O filme não é obviamente passável numa tarde de Domingo, é mais pesado do que isso. Mas tem dentro de si as questões que os adolescentes gostam (amor, sacrifício, amizade), embora dadas de forma mais adulta e consistente. Realce-se que não é para mentes sensíveis, a esposa fechou as portas (a da sala e do atelier) por causa dos sons que saíam da televisão, incomodou-a.

Um grande filme, longe da standardização adolescente a que os filmes de Hollywood nos vêm habituando, o que deverá ter tido impacto no sucesso obtido.

Os últimos 20 segundos são antológicos.
Vejam, se forem capazes.


Uma última nota: 30 Days of Night: Dark Days vai ser uma realidade, ainda que directamente para o mercado de DVD.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Acordado, a roer as unhas por causa dum jogo de futebol americano. Estava a gravé-lo, mas queria ver o resultado em directo!
Brett Favre não foi feliz, o que não apaga uma excelente época. De qualquer forma, o SuperBowl é mais ou menos esperado. Colts vs Saints. Promete. Mais uma noitada daqui a duas semanas.

Destino Imortal





A TVI abriu as hostilidades ontem, estreando a mini-série de vampiros, Destino Imortal. Para a semana é a vez da SIC.
Que me lembre não há grande nenhuma tradição vampiresca em Portugal. Desconheço livros, filmes ou outra coisa qualquer sobre vampiros de produção nacional, pelo menos com mais de 10 anos.
Todos sabemos da febre (eminentemente juvenil) actual com vampiros. Liga-se a tv, vai-se a uma livraria e é sabido que dificilmente não somos brindados com algum produto com os caninos mais afiados. Daí que as tvs aproveitem, ou tentem aproveitar, o filão.

Depois de uma estreia de quase duas horas o que se pode dizer de Destino Imortal?

Comecemos pela sinopse.
Miguel (Pedro Barroso) perde a mãe, num acidente automóvel e vai viver com a avó para Sintra. Na faculdade, conhece Sofia (Catarina Wallenstein), uma vampira que suporta a luz e os raios solares, por quem se apaixona.
O primeiro episódio mostra-nos o regresso de Miguel a Sintra, a tentativa de enquadramento na Universidade e num novo grupo de amigos (que neste momento é constituído por duas pessoas) e o início do relacionamento com Sofia. Sofia, que pertence a um clã (parece que com ela são quatro), suporta a luz do sol e o seu pai tenta replicar essa característica para benefício da sua raça.
Descobrimos que Viktor, o criador do pai de Sofia, está em Sintra. E acontecem alguns crimes.
Ah, e a irmã de Sofia, Valentina (Evelina PEreira), que de longe parece uma das irmãs de Edward de Lua Nova, é má como as cobras.
Já agora, uma das professoras tem uma forma peculiar de pronunciar faraó, "Fáráó". O que é bonito!

As minhas expectativas eram baixas, mas não sendo um clássico consegue ser melhorzita do que estava à espera. Pelo menos vi até ao fim, sem adormecer, o que não posso dizer de Crepúsculo.
Explico.

Destino Imortal cola-se a Crespúculo e Lua Nova. Pela temática, pela divisão entre vampiros bons e maus, mas acrescenta um pouco mais, um Dampyr ou Dampiro (não, não é um vampiro do Norte), que é o filho de um vampiro e uma humana e a tal vampira que suporta a luz do sol (ainda que seja mais pálida que uma sueca.)
O pastiche é óbvio, em algum guarda-roupa (de Valéria, essencialmente), na ausência de Baseball, coloca-se o personagem principal a jogar Rugby, a atracção entre um humano (mais ou menos) e uma vampira e o ar de ligação proibida que aquilo tem, para eles e para a família dela. A série é feita para cativar a quantidade de gente que leu e viu os filmes da série Lua Nova.

O que é que falha?
Muita coisa. O guarda-roupa é pavoroso, na cena em que o clã de Sofia é apresentado, Rogério Samora e Maria João Luís parecem artistas de circo demodé. A tentativa de dar uma aura gótica a Sofia funciona de vez em quando, mas às vezes ela é simplesmente foleira. O vestido cor de rosa com o espartilho preto berrava de tão mal que lhe ficava.

A escolha por Sintra parece acertada, mas a realização não a aproveita. Sintra poderia ser um dos personagens principais, a serra vai aparecendo, pouco, podia ser outra serra qualquer, mas a vila, por enquanto, está lá só porque sim. Um desperdício...

A universidade (o exterior) parece saída de um filme do Harry Potter com falta de fundos e ainda não percebi que curso é que aquelas criaturas estão a tirar. Já percebemos que é História, mas o aproveitamento das matérias é demasiado maniqueísta. De louvar ver uma professora a tirar o casaco de costas para a plateia. São assim os nossos professores, ou só os universitários? Os colegas dos personagens principais, para alunos de história, são um pouco burros no que à História diz respeito.

Os satânicos são um bando de gajos rebarbados que encontraram uma forma simpática (satanismo) de fazer-se às gajas. Fico mais convencido com os góticos da margem sul, mas está bem.

Os actores são fracos, mas não menos do que estamos habituados e um pouco melhores do que os dos Morangos. Não gosto da Catarina Wallenstein. Demasiado pálida, quieta, morta para o meu gosto. No entanto consegue ser mais viva que a rapariguita da Lua Nova, tendo em conta que a portuguesa está morta e a outra viva - um a zero para a Sofia.

Os efeitos especiais são fraquitos, mas funcionam, ainda mais quando pensamos que é uma série portuguesa. Se começarmos a fazer comprações, vamo-nos divertir muito. Os rosnares animalescos dos vampiros eram dispensáveis, ninguém viu o Gary Oldman? Os efeitos visuais para dar um ar animalesco desculpam-se. Nas cenas que lidam com os mortos nota-se alguma inteligência, notamos a falta de meios, mas preferimos isto a cenas foleiras.
A cena em que as duas irmãs se angalfinham as duas e pulam, era dispensável, é rídícula e a encenação demasiado primária.

A realização é fraquinha e por vezes hilariante. Uma das cenas em que Viktor aparece no canto esquerdo do ecrã, é tão ridícula que quase apago a tv.

O que é que funciona?
É uma mini-série. São só seis episódios, com objectivo de se seguirem mais algumas mini-séries. Gabe-se a sabedoria. Parece que a série da SIC são cento e muitos episódios....

Há uma noção do que se pode ou não fazer e fizeram-se algumas escolhas acertadas.

Não é pior do que Crepúsculo ou Lua Nova, tendo em conta a falta de dinheiro e meios, até consegue ser mais tolerável. Pena é o pastiche.


Não vai ser um grande marco, pelo menos no plano estético e no plano narrativo. Continuamos a não perceber o que conseguimos fazer com grande qualidade e, caindo nas modas, tentamos (parece-me que com algum sucesso) tirar proveito delas. Sinceramente, esperava pior. Consegue ser melhor do que os Morangos, Floribella ou outros produtos de sucesso. Não preza pela inovação, mas consegue ser um escape (divertido).

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Não sei se as pessoas nos conhecem tão bem como esperariam ou se nos moldam como gostariam que fossemos. Por causa de algumas discussões e posts (aqui e no facebook) lembrei-me de um ou outro episódio.
Claro que tenho amigos que me "tentam mudar", no bom sentido, sabem quais as minhas limitações e tentam convencer-me a fazer algo ou adoptar hábitos que me levem à supressão de alguns defeitos. Claro que uns, na sua boa vontade, adoptam estratégias fadadas ao insucesso. Claro que não temos de mudar ninguém, mas por vezes podemos tentar ajudá-los, co-ajudá-los (não sei se a ideia que quero passar está efectivamente a passar).

Outros fazem uma imagem de mim que não é a correcta, ou aspiram a fazer de mim outro que não aquele que sou. Não percebo.
Lembro-me de um caso escabroso, que pode ilustrar mais facilmente o que quero dizer. Há uns anos, valentes, um amigo decidiu organizar-me um blind date. Conhecia-me suficientemente bem ou pelo menos achava que sim (tanto eu, como ele). Por piada, entrando na brincadeira, fui. Claro que nada deu certo. Quando falo de nada falo de tudo menos de relações amorosas, que seria a última coisa que me passava pela cabeça. Fui pela piada. Lembro-me de estar em casa dele e ele dizer-me que tinha de conhecer uma amiga dele. Que já lhe tinha falado de mim e que achava que ela seria indicada para mim e eu para ela. Pois... Temo e angustio-me perante mestres casadoiros, mas nada como provar que estão errados.
Ele, sabendo como eu sou com marcações, pega no telefone, telefona-lhe e coloca-nos a falar um com o outro. Marcamos um café.
Dois estranhos tentados por outrém a uma conversa. Os interesses dela não eram os meus, nem estaria interessado nos interesses dela. Poderíamos ter sido amigos, mas não sabíamos, na altura, como. Enquanto homem, aquela seria a última mulher para quem olharia. Penso que ela pensou o mesmo. Possibilidade de algo mais do que uma amizade? Menos 100. Possibilidade de uma amizade? Nula. Porquê? Não faço a mínima ideia.

Aparentemente estas situações são recorrentes. Noutra ocasião, pensando que andava demasiado só, uma das minhas melhores amigas disse e se saíres com x? Eu olhei para ela, disse que não e a conversa acabou por ali. Claro que não. Mas há pessoas que percebem à primeira.

Por isso é que me faz impressão as pessoas, que na maior das boas intenções, tentam juntar duas pessoas que conhecem e gostam. Sinceramente? Não se metam nisso. O Coração foge à razão, não é matemático.
Não será por mal, mas tentamos por vezes juntar as pessoas que gostamos, inconscientes de que nada têm a ver uma com a outra. Fazendo isto, por vezes podemos estar a "cavar uma sepultura" não só para nós, mas para os outros.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ghost in the Shell



Uma boa série que alia a ficção científica ao policial. Muito bom, pelo menos os primeiros 4 episódios.
Tenho vontade de ler mas não consigo consubstanciá-la. Ando cansado. Os livros que tenho em mãos não me chamam, por alguma razão. Comprei anteontem um policial argentino passado em França (devia querer dizer qualquer coisa. Isso e os dois euros que custou), não consigo passar da página 6.
A minha única consolação é saber que daqui a uma semana começo a ler o material para a tese. Aí sim...quer goste ou não, não vou poder fugir.
O FCP cada vez joga melhor. Ontem foi um alívio ver o jogo, uma resposta para mim que andava temeroso face aos fracos resultados. Aquilo sim... jogo bem jogado, jogadores motivados, poucas perdas de bola, lances perigosos, jogadas bem pensadas.
Agora falando mais a sério, já se corria com o Jesualdo, não?

As notícias nos jornais sobre agressões entre Liedson e Sá Pinto são uma machadada na imagem de Sá Pinto. Fica-se com uma noção mais clara da recusa de Paulo Bento em tê-lo na equipa. E escolheu mal a vítima, Liedosn é bem querido dos sócios e resiliente, acredito que ganhou a fist fight. E agora?

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Evangelicalismos

"For the modern evangelical, worship is defined exclusevely in terms of the individual´s experience. Worship, then, is not about adoring God but about being nourished with religious feelings, so much that the worshiper has become the object of worship.
Others - probably the majority in modern American evangelicalism - have utterly negelected any commitment to the content of the Word and have ended in a sea of subjectivism and calls it ´being bathed´ in the presence of the Holy Spirit. These people come to church exclusively to ´feel´ God. Some churches have even decided to call their worship services ´experiences´".
Monte E. Wilson

sábado, 16 de janeiro de 2010

No futebol tudo é possível

Jesus chama Kardec é das frases, religiosamente falando, mais estranhas que já vi.
Concretizar coisas na escrita é mais fácil do que dizê-las.

Isto está bonito...

O equilíbrio interior por vezes é difícil de manter. O cansaço físico e psicológico ajudam ao desequilíbrio.
Às vezes não é preciso muito para a muralha começar a ceder. Algo que não conseguimos fazer, algo que fazemos mas não atinge o objectivo, uma crítica velada (prefiro as directas), uma piada que me faz sangrar.
Se calhar estou a precisar de férias...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O passado é um país que vale a pena visitar. Os seus habitantes são parecidos com aqueles que conhecemos, mas ao mesmo tempo são muito diferentes.
Visitamo-lo de vez em quando, mas muitas das vezes saímos de lá tristes com a imagem pálida do presente. Se é verdade que o construímos com as nossas memórias e vivências, a verdade é que nem sempre o devemos misturar com o presente.
Nas últimas duas semanas tenho interagido com pessoas que conheci. Escrevo no passado porque os anos alteram demasiadas coisas. Não ouso cometer a veleidade de pensar que ainda os conheço. Já passei pela experiência de reencontrar amigos, anos depois, e constatar que já não os conhecia e vice-versa. Sem querermos (às vezes), consciente e inconscientemente vamos mudando. A fisionomia muda, os nossos gostos, a nossa forma de estar e de ser, temos mais ou menos pachorra para determinadas coisas, vamos crescendo, envelhecendo, como diz o povo, ou rejuvenescendo, conforme a personalidade de cada um.
De qualquer modo, há pessoas que nos conhecem de forma diferente, dependendo do contexto, da familiaridade que lhes demos, do que lhes demos a conhecer.
Há pessoas que me conhecem há anos, mas não me conhecem, intuem algo, acertando várias vezes, mas outras, que me conhecem há bem menos tempo, conhecem-me demasiado bem.
Ontem, no FB, alguém com quem privei durante anos escrevia que em miúdos (e o miúdos durou imenso tempo) éramos demasiado sérios para a idade.
Gostei imediatamente da expressão. Acredito que muitos me coloquem imediatamente dentro dela, que outros tenham mais dificuldade em fazê-lo. Depende do círculo onde me movo e de onde eles me conhecem.
Gostei imediatamente da expressão, mas não sei se concordarei com ela a 100%. É o problema de querermos ser algo que não somos e dos outros verem o que somos? Talvez. Acredito que fui e sou, por vezes, demasiado sério para a idade, mas penso que trocamos a seriedade pelo desinteresse. Na verdade, em muitas situações acho que o meu desinteresse para com determinados valores, ideais, hábitos (próprios daquela idade) foi encarado como seriedade. Não era, era desinteresse.
Claro que podemos ser desinteressados alegres, em algumas situações não deixei de o ser, talvez não com toda a gente.
Vieram imagens à minha mente, desses anos, acho que nunca me ri tanto, como então. Brincávamos, ríamos, éramos maldosos, cínicos (contraditoriamente, por vezes, sem maldade) mas éramos tão divertidos como a idade nos deixava ser.

A seriedade fechou e mas abriu-nos portas. Somos hoje o que somos, para o bem e para o mal, pelo que fomos construindo ali e pelas decisões e mudanças que fomos fazendo desde cedo.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Comprei há uns meses 30 números de Sandman Mystery Theatre, escritos por Matt Wagner e Steven Seagle e desenhados por Guy Davis. Do 30 ao 60. A série conta a história de Wesley Dodds, o Sandman clássico, durante os anos 40. A Segunda Guerra Mundial, o comunismo, o anti-semistismo, mas também o feminismo, racismo e aborto são temas abordados pela série.
A ideia ao ler estes 30 números é que a série foi crescendo, perdendo, por vezes, com a fixação de arc-storys de 4 números.

Embalado pela leitura, comprei a última história editada, uma mini-série, que mata o herói da série original e apresenta um novo herói já no século XXI.
A arte é interessante, bem melhor do que Nguyen me habituou, mas a história atinge requintes de malvadez. Nunca me senti tão desiludido, enganado e aborrecido com uma história de BD. Ainda para mais, é inconsequente, completamente desnecessária e em 5 números não consegue caracterizar nenhum dos personagens de forma satisfatória. Depois há uma incongruência com datas que nem merece referir.
Completamente escusado. Pela primeira vez pensei em escrever para a Vertigo a pedir o meu dinheiro de volta.
Não me lembro de uma única notícia sobre o Haiti nos últimos 10 anos, nos media portugueses. Deve ter havido, o problema será meu.
Mas, haverá alguma perspectiva que ainda não tenha sido abordada na tv portuguesa? O que é demais é moléstia. Já vi experiências pessoais, vídeos feitos no momentos, enviados especiais, a perspectiva política (mundial e cá do burgo), a perspectiva religiosa, a ajuda da Cruz vermelha/azul (nesta e noutras situações), a perspectiva científica (em português e inglês), a perspectiva da construção civil.

Tenho dificuldades em encarar tudo isto somente como tratamento justo do que aconteceu. Quando há mortes, os abutres aproximam-se...

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Epá, tá vento, muito vento

Fiz a curta viagem Seixal-Barreiro sem o pé no acelerador. Admirado porque hoje não são muitos aqueles que passam por mim. Com o temporal que está, chuva e vento, poucos são os que arriscam a andar a mais de cem km/h. Quando tentei acelerar um pouco mais, senti o carro tremer pela força do vento.
Cheguei inteiro.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Acordo.
Sou vencido pela necessidade de me levantar da cama. Passo pelo móvel, onde estão algumas fotos da juventude. Constato mentalmente as mudanças ocorridas, primeiro, as físicas, aquelas que saltam à vista. O peso, a altura, as olheiras, o cabelo, a barba.

Sento-me à secretária, com o monitor do computador à frente. Entre e-mails e redes sociais, lembrei-me das horas passadas a conversar, das cartas escritas, dos telefonemas para casa dos amigos (e amigas).
Hoje, com um toque ou dois do rato, vejo caras que não via há muito tempo, gente que há 20 anos atrás ou não veria mais ou uma ou duas vezes na vida, quanto muito.

As memórias vêm à minha mente. Encontros combinados, sdesencontros, ídas ao cinema. Sair do barco e andar durante uma hora, descer das Amoreiras aos barcos, subir a pé dos barcos ao Campo Pequeno -  às vezes para dizer olá, estar um pouco com determinada pessoa. Penso como estupidamente nos metíamos dentro duma sala escura, a ver um filme, esquecendo a possibilidade de falar. Cada um ia para a sua casa, e passávamos meses sem contacto físico, um telefonema aqui, uma carta acolá.

Hoje não. Consigo descobrir gente esquecida por mim até há um clique atrás. Deixo uma frase oca aqui e ali. Falta-me o contacto, o tempo, o falar, o ver.

Mankell por Branagah

As últimas duas séries adquiridas foram alvo de alguma ponderação. Havia algumas na lista, logo o importante era decidir o que comprar primeiro. A caixa que me falta de Rebus, com Ken Stott (a primeira com John Hannah não me chama)? Apparitions, uma série inglesa, em que o personagem principal é um ministro da Igreja? Outras (?) de que não me lembro agora....
Optei pela 6ª Season de Spooks, uma das minhas séries favoritas. Acho que o status quo dos personagens principais está inerte há muito tempo, o que é raro nesta série, e se a season anterior manteve o nível anterior, não me matou a sede como seasons anteriores.
Mas como ia comprar duas, optei por um risco ponderado, Wallander, produzido e interpretado por Kenneth Branagh.
Porquê um risco? Não é que não goste de Branagh, pelo contrário, o que se passa é que gosto demasiado de Wallander, personagem criado pelo sueco Henning Mankell, de quem já li toda a série Wallander.

Já tinha visto 4 ou 5 episódios da versão (na  verdade há duas e vi episódios das duas) sueca de Wallander, baseados nos romances de Henning Mankell. E se é verdade que há diferenças, na série de que vi mais episódios a filha já é um personegm coadjuvante, a opção não caíu na adaptação dos livros (só daquele em que a filha entra pela primeira vez como personagem principal) mecânica, mas pela evolução dos personagens, ainda que estes sejam similares aos da versão literária.


O elenco da série sueca - Ola Rapace (Stefan Lindman), Krister Henriksson (Wallander), Johanna Sällström (Linda Wallander)

Assim, depois do Wallander em DVd chegar, sentei-me, com a esposa, frente à tv e vimos o primeiro episódio.
Demorei algum tempo a entrar. Esta demora tem duas faces distintas. Por um lado,  acho difícil "entrar"  em filmes ou séries baseados em livros que já conhecemos, mais complicado será quando já vimos adaptações, que gostamos bastante. Mas quando o que estou a ver responde ao que já foi dito e é baseado numa das minhas séries favoritas, pior ainda. O espírito crítico aumenta e penso que os primeiros 15 minutos foram dolorosos para a Sara, eu resmungava, dizia que ele não reagiria assim, enervo-me porque... já vão ver.

Branagh é um actor seco, fisicamente. Ainda assim, o seu Wallander é mais gordo do que estava à espera. Talvez por ser um actor que prezo, Branagh é o suficiente para me cativar, mas a produção e a realização, bem como algumas opções de argumento deixam-me logo de pé atrás.

Noto a presença feminina de colegas da polícia, quem são? Nos livros, o mundo é masculino. Quem são estas senhoras? O que  estão aqui a fazer?
Noto a ausência irritante da identificação dos coadjuvantes de Wallander, aqui e acolá dão-nos um doce (um nome), mas parecem-nos indicar que quem interessa mesmo é Wallander, o resto é paisagem. Nos livros esta noção não é tão acentuada. Wallander é o personagem principal, mas os seus coadjuvantes nunca são atirados para o enredo como palha. Primeira dificuldade a gerir.

Psicologicamente, a personagem de Kurt está bem definida, mas ainda assim não é o polícia que eu conheço, há diferenças quanto aos livros e a série sueca, a que melhor conheço, fá-lo melhor, até mais subtilmente. Wallander nunca passaria por uma cena de violência e continuaria impávido e sereno. Quem é este Wallander?

Se na série sueca a casa de Wallander parece-me sueca, mais não seja pela presença do IKEA, aqui parece-me estilizada, nua, mas anódina.

Vimos o primeiro episódio, 90 minutos, uma hora e meia, e nessa hora e meia Wallander não ouviu música uma única vez. Quem é este Wallander? A música é o escape de Kurt, quando descansa, pensa, come ouve música. Aqui, aparentemente, não. Comporta-se como o chefe da polícia, será? Não sei. Não tenho dados suficientes para ter uma conclusão.

Há muitos dados interessantes e contextualizadores que são deixados de fora. Irritam-me. Talvez porque conheça melhor Wallander do que muitos familiares meus, e este não é o mesmo Wallander que conheço.

Acabo por decidir abstrair-me do que já li e vi. Tento perceber quem é o Wallander de Branagh. Acabo por gostar do episódio, mais pela história em bruto do que por tudo o resto. Achei a realização fraquita, Ystad podia ser uma outra cidade, num outro país, não percebo porque foram filmar para a Suécia, tirando alguns planos da natureza, nada me leva automaticamente para aquele país nórdico.


Branagh como Wallander

A escolha mais feliz no que à caracterização diz respeito tem a ver com a presença e o relacionamento de Wallander com o seu pai. O casting foi feliz, mas para além do casting é o único aspecto do argumento em que não faço ressalvas. Encheu-me as medidas.

Faltam 2 episódios. Vou vê-los (Vamos vê-los). Espero que  a série cresça. Espero que o Wallander de Branagh seja definido, claro e cresça - já que o piloto não é brilhante, é interessante, pouco mais. O que mais me fascinou foi a história em si, mas a história é uma decopage do livro de Mankell.


Praguejo pelo preço alto que a série sueca custa, por enquanto não a troco pela versão de Kenneth Branagh, a bitola ainda não foi atingida, muito menos ultrapassada.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Conselho de Leitura

Um dos autores portugueses de quem mais gosto é Ruben A. (clicar aqui). Tenho as Páginas completas.
tenho optado, pelo preço mais em conta, comprá-lo na Feira do Livro. O ano passado comprei Kaos e o primeiro Volume de O Mundo à Minha Procura. Ainda não os consegui ler.
Tenho sofrido com eles uma contradição. Não os quero ler demasiado depressa, e não são livros (mais o Kaos) para se ler no café ou em casa, ao fim do dia, cansado.
O que mais me agrada em Ruben A. é o carácter lúdico da utilização da língua portuguesa e as marcas própria da utilização que ele faz. Algumas onomatopeias, alguns apontamentos, algum delírio.
Choca-me que mais não o conheçam, que não se ouça falar dele. Passei por um curso de Literatura Portuguesa e tirando as figuras de charneira, poucos autores desconhecidos me foram dados a conhecer. Quem é que li no curso que desconhecia? Teolinda Gersão, não me lembro de mais nenhum.
O final do ano e o início deste novo levou-me a afastar das notícias e dos jornais, de que dependo por questões profissionais (uso-as e-os para testes, aulas, debates, exercícios vários).

Enquanto tento voltar aos hábitos diários, noto um despojo novo em relação à actualidade. Tudo me parece inconsequente, recursivo e relativo.

Às vezes o período de nojo impele-nos para outras margens. Estou afastado do interesse que tenho de ter e não sinto grandes remorsos por isso.
Há quem pense que um dia vou escrever, pelo menos, um livro. Ao longo do meu percurso académico (tanto como aluno, como professor) tenho ouvido pessoas a comentar o desejo/medo.

Por enquanto, quedo-me satisfeito por ter publicado alguns textos na Callema e por alguns terem sido elogiados.

Talvez esperançosa, talvez, a esposa ofereceu-me no Natal um bloco, com um desenho de um biblioteca antiga. Uma bela figura, mas triste sina, quantos dos livros antigos são ainda hoje lembrados?

Vou escrevendo algumas coisas, no meio das folhas há uma ideia com mais pernas e cabeças do que o usual.

Escreverei um livro? Talvez. Mas deve ficar para mim... É o que há de mais certo:p

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ouvindo

Ela senta-se ao seu lado. Começam a falar sobre como será o céu, se haverá céu e vida depois da morte. Ele deve ter mais de cinquenta anos, é alentejano, paira aqui várias vezes. Sabe de tudo (pressupõe), fala de tudo (efectivamente). De finanças (acções), mas também de Totoloto (como ganhar no Totoloto), saúde, futebol, política, hábitos culturais, normas sociais. Ouvi-lo falar do transcendente é uma estreia para mim.
Ela é mais nova do que ele, deve ser alentejana, avaliando pela repetição do "que Deus tem", ainda que pela conversa percebo que não acredite em Deus.
Talvez por terem começado a falar do céu, ela tenta falar do seu pai, que Deus tem, da sua mãe, que Deus tem, e também do marido, sim, que Deus também tem.
Ele não a ouve, está demasiado ocupado com a sua voz, pára, ela volta a tentar entrar na conversa, ele sente saudades da sua voz e continua.
Pensa em voz alta, mais do que conversa. Fala sobre Deus, morte, reencarnação, espíritos, sonhos, magias (branca e negra).
Eu desligo. É "ecumenismo" a mais para as nove horas da manhã que  relógio marca.

Meanwhile

O tempo tem sido pouco para tanta actividade. Testes para corrigir, Natal, Ano Novo, preparação de aulas, trabalhos para mestrado que algumas coisas têm sido negligenciadas. Este blog é uma delas.
Outra razão é a minha entrada no FaceBook (UAU!), teimosamente fui resistindo, mas decidi ver o que aquilo era do ponto de vista do utilizador.

Uma das coisas que me assusta é a quantidade de questionários que os meus amigos preenchem, vocês devem fazer as alegrias de muita gente com papel e caneta ali para os lados do Rossio. Nunca pensei conhecer tanta gente envolvida na lavoura, na piscicultura e na confecção de comida. Foi uma surpresa, ainda que admita um certo desconforto com gente a morar em Loures a querer ser meu vizinho.

Uma das coisas engraçadas, a mais engraçada, a meu ver, tem a ver com a quantidade de gente com quem já pude comunicar e que não via há uns aninhos. Já falei com pessoas que não vejo há 7 ou 8 anos. É obra.
Claro que a comunicação é diferente ali do que cara a cara, mas parece-me uma boa forma de manter algum tipo de contacto, ou picar diariamente a madrinha e vice-versa.