segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Acordo.
Sou vencido pela necessidade de me levantar da cama. Passo pelo móvel, onde estão algumas fotos da juventude. Constato mentalmente as mudanças ocorridas, primeiro, as físicas, aquelas que saltam à vista. O peso, a altura, as olheiras, o cabelo, a barba.

Sento-me à secretária, com o monitor do computador à frente. Entre e-mails e redes sociais, lembrei-me das horas passadas a conversar, das cartas escritas, dos telefonemas para casa dos amigos (e amigas).
Hoje, com um toque ou dois do rato, vejo caras que não via há muito tempo, gente que há 20 anos atrás ou não veria mais ou uma ou duas vezes na vida, quanto muito.

As memórias vêm à minha mente. Encontros combinados, sdesencontros, ídas ao cinema. Sair do barco e andar durante uma hora, descer das Amoreiras aos barcos, subir a pé dos barcos ao Campo Pequeno -  às vezes para dizer olá, estar um pouco com determinada pessoa. Penso como estupidamente nos metíamos dentro duma sala escura, a ver um filme, esquecendo a possibilidade de falar. Cada um ia para a sua casa, e passávamos meses sem contacto físico, um telefonema aqui, uma carta acolá.

Hoje não. Consigo descobrir gente esquecida por mim até há um clique atrás. Deixo uma frase oca aqui e ali. Falta-me o contacto, o tempo, o falar, o ver.

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