sábado, 2 de fevereiro de 2013

Ruben A. de Liberto Cruz e Madalena Carretero Cruz

Entrei na obre de Ruben A. com as Páginas (I-VI) e fui-me ficando. Há poucos autores a que volto, Ruben A. é um deles, há autores que prezo, por vezes, não tanto pelo que escreveram ou contaram, pela narrativa, mas pelo estilo, pelo léxico, pela plastificação da linguagem, Ruben A. é um deles.
Algumas das Páginas são tão desconcertantes como hipnóticas, tão geniais como perturbadoras, pelo ritmo, pela criação de palavras, pelo humor, sarcasmo, ironia. Mas de Ruben A. pouco conhecia, alguns dados biográficos superficiais, pouco mais; Ruben A. - uma biografia, de Liberto Cruz e Madalena Carretero Cruz foi comprado com o objetivo de colmatar essa ignorância, mas também com o objetivo de perceber melhor a obra, de contextualizá-la no pensamento do autor e na sua totalidade.
O subtítulo, uma biografia, é quase um programa, dizem os autores que outras biografias seriam/serão distintas e que isso até seria desejável.
Tem sido uma viagem interessante, de descoberta, que responde à ignorância já confessada.
Continuo na penumbra quanto ao desconhecimento geral de Ruben A., eu descobri-o por acaso, numa Feira do Livro, gostando de uma ou outra linha que li, ao abrir o primeiro volume de Páginas.
Sim, a escrita é aparentemente anárquica, polissémica, ou como António Quadros descreveu o escritor - "meio surrealista, meio anarquista, meio delirantemente satírico, que, através de uma estética do absurdo, era capaz de tanto nos revelar sobre nós, como sociedade, como humanidade e como país, não se poupando aliás a si próprio no humor malicioso, mas sem maldade que o caracterizava." (pág.136) Talvez esta descrição explique um pouco esse afastamento, afinal a obra é distinta de tudo o que se escrevia e escreve em Portugal.

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