sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Revenge e Scandal

Do que vou vendo na tv hoje não posso dizer que acompanhe nenhuma grande série, pelo menos ao nível de The West Wing e Battlestar Galactica, duas das séries que mais me cativaram, ou de Wire in the Blood, série psicologicamente violenta e bem escrita vinda da velha Albion.
Acompanho com interesse a bem escrita Downton Abbey, mas confesso que a última série e meia me soube a telenovela, bem escrita, mas telenovela ainda assim.
The Newsroom trouxe de volta a escrita e verve esquedista de Sorkin, de quem gosto bastante e a Sherlock Holmes inglesa é um produto muito bem escrito e adaptado, mas são muito poucos episódios com imenso tempo de intervalo.
O resto é cliché, bem ou mal embrulhado em novas e velhas tentativas de fazer algo diferente ou de esticar o velho modelo até à exaustão. Cuidado de escrita como The Wire apresentou é hoje mais raro.
No meio disto, tenho acompanhado com algum gozo duas séries americanas, Revenge e Scandal. Diz a esposa que são telenovelas, sim, mas se todas as telenovelas fossem tão bem escritas ainda via telenovelas. São uma amálgama de clichés, de personagens tipo, de situações modelo, mas que fazem o que querem e prepararam de forma escorreita.
Ontem via o último episódio da primeira série de Revenge com um sentimento agridoce, matar Madeleine Stowe é lógico, mas perigoso, ainda que a personagem desta fosse já pouco mais do que uma caricatura, aliás, como boa parte das personagens. O final tenta fechar a primeira estória, mas não fecha por completo que o sucesso da série a isso obriga. A tentativa de nos convencer a ver a segunda série falha, já que as conspirações só podem convencer-nos e motivar-nos até certo ponto. Provavelmente vou continuar a vê-la, pelo menos nos entretantos, mas as fórmulas têm vida curta, um dos segredos de Battlestar Galactica foi movimentar-se e mudar o foco em cada série, alterando o status quo da coisa.
Scandal aposta num modelo semelhante de Revenge, por trás um segredo, uma conspiração, todas as semanas um caso novo. A série apresenta por enquanto a leveza e aprofundamento das personagens das primeiras séries de Anatomia de Grey, algumas personagens são histriónicas e irritantes, mas é o conjunto que ainda vai funcionando e mantendo o interesse, mesmo que a conspiração seja pouco mais do que pífia.
Se séries como Lost, 24, House e outras nos ensinaram é que o modelo pode cansar e corroer o sucesso por dentro, manter o interesse do espectador com segredos por vezes pode ser contraproducente.
Mas por enquanto estas duas dão algum gozo, moderado, mas algum gozo.

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