sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Nas últimas duas semanas tenho interagido com pessoas que conheci. Escrevo no passado porque os anos alteram demasiadas coisas. Não ouso cometer a veleidade de pensar que ainda os conheço. Já passei pela experiência de reencontrar amigos, anos depois, e constatar que já não os conhecia e vice-versa. Sem querermos (às vezes), consciente e inconscientemente vamos mudando. A fisionomia muda, os nossos gostos, a nossa forma de estar e de ser, temos mais ou menos pachorra para determinadas coisas, vamos crescendo, envelhecendo, como diz o povo, ou rejuvenescendo, conforme a personalidade de cada um.
De qualquer modo, há pessoas que nos conhecem de forma diferente, dependendo do contexto, da familiaridade que lhes demos, do que lhes demos a conhecer.
Há pessoas que me conhecem há anos, mas não me conhecem, intuem algo, acertando várias vezes, mas outras, que me conhecem há bem menos tempo, conhecem-me demasiado bem.
Ontem, no FB, alguém com quem privei durante anos escrevia que em miúdos (e o miúdos durou imenso tempo) éramos demasiado sérios para a idade.
Gostei imediatamente da expressão. Acredito que muitos me coloquem imediatamente dentro dela, que outros tenham mais dificuldade em fazê-lo. Depende do círculo onde me movo e de onde eles me conhecem.
Gostei imediatamente da expressão, mas não sei se concordarei com ela a 100%. É o problema de querermos ser algo que não somos e dos outros verem o que somos? Talvez. Acredito que fui e sou, por vezes, demasiado sério para a idade, mas penso que trocamos a seriedade pelo desinteresse. Na verdade, em muitas situações acho que o meu desinteresse para com determinados valores, ideais, hábitos (próprios daquela idade) foi encarado como seriedade. Não era, era desinteresse.
Claro que podemos ser desinteressados alegres, em algumas situações não deixei de o ser, talvez não com toda a gente.
Vieram imagens à minha mente, desses anos, acho que nunca me ri tanto, como então. Brincávamos, ríamos, éramos maldosos, cínicos (contraditoriamente, por vezes, sem maldade) mas éramos tão divertidos como a idade nos deixava ser.

A seriedade fechou e mas abriu-nos portas. Somos hoje o que somos, para o bem e para o mal, pelo que fomos construindo ali e pelas decisões e mudanças que fomos fazendo desde cedo.


3 comentários:

  1. Fico satisfeita e honrada por o que te disse no FB ter motivado um comentário no teu Blog.
    Acho que tens toda a razão quando dizes que muitas vezes (quase sempre) o que vemos nos outros, não é o que corresponde àquilo que realmente somos. Talvez eu tenha aplicado mal a expressão, deveria tê-la aplicado no singular, porque eu acho que eu era demasiado séria para a idade, embora não deixasse de rir, brincar, correr, gozar...pensando bem, o que eu acho é que tu tinhas (e julgo que manterás) um sentido de humor acutilante e inteligente e que tu e o Luís, embora sendo os velhotes dos marretas(lembras-te que vos chamavamos isso???!!), faziam-nos rir muito com o vosso interesse desinteressado. Sabes...eu queria mesmo era ter a consciência que tenho hoje e ter outra vez 15 anos mas isso seria desafiar as leis da biologia e pressunção a mais.
    Vamos falando...velhote dos marretas.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. O sentido de humor mantém-se, não sei se acutilante e inteligente, alguns denominam-no de sarcástico e seco, mas dependerá das alturas:p
    Quanto ao velhote dos marretas, penso que quem cunhou essa expressão que pegou foi a Célia, prof. de Latim, que ainda a usa de vez em quando. Há uns meses estava a explicar ou à minha mãe ou à minha esposa porque é que a usava. AS coisas porque eu passo (sim, ainda mantenho algum contacto com alguns dos nossos profs, nomeadamente com a Célia e com a Ana Carla de Português).
    Quanto ao ter 15 anos outra vez...foi bom, não foi? o futuro espera-nos.
    Beijito,
    e vamos falando sim, nem que seja por estes meios, desconhecidos nas alturas a que nos referimos.

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