sexta-feira, 14 de outubro de 2011

do mar escuro e do que se vê num oitavo andar

^Veem-me à memória as primeiras páginas de As Ilhas Desconhecidas de Raúl Brandão, onde o escritor relata a viagem de barco noturna, na penumbra, ouvindo o barulho do barco que parece desconjuntar-se e sem luz à sua volta, mutatis mutantis, de vez em quando, olho pela janela do oitavo andar, pela uma ou duas da manhã, mesmo pelas quatro, dependendo da janela o que vejo não é escuridão, são luzes, umas mais fortes do que as outras. Hoje de manhã, pelas seis, fui acordado pela vizinha de cima já em saltos altos, levantei-me silenciosamente, para deixar a esposa dormir mais um pouco, e assomei-me à janela, ela teima em deixar as persianas abertas, claro que não precisava de olhar para fora já que a luz teima em entrar.
Lembrei-me de Raúl Brandão pelo contraste, mas também pela lembrança de uma falha de energia, há uns meses, toda a paisagem que as minhas janelas vislumbram (com exceção de Lisboa e do Barreiro), apagou-se. Talvez pelo prédio não ranger, nem se mover, sorri com a beleza de uma noite verdadeiramente escura.

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