quinta-feira, 15 de setembro de 2011

da vida passada na escola

Tenho-me lembrado, nos últimos tempos, da experiência pela escola preparatória e secundária. Como as crianças podem ser cruéis, senti-o na pele, algumas vezes fiz sentir a crueldade em pele alheia.
Lembro-me de ter sofrido as passinhas do Algarve no 6º ano. Havia um colega mais velho, mais alto, mais forte, mais líder, mais cruel que gostava de mostrar quem mandava. Muitos sofreram com ele. Cada dia um, para combater a monotonia. Não posso generalizar, reagi da maneira que reagi, diferente ou semelhante do modo como outros reagiram. Lembro-me das brincadeiras mais estúpidas e humilhantes. Corredores da morte cruéis e violentos. Brincadeiras sádicas com o poste. Às vezes penso se não existiriam professores e funcionários naquela escola.
O ano foi longo e duro, algumas amizades cristalizaram-se, na escola, a caminho ou regresso dela. Há alguns com quem ainda falo hoje em dia, de tempos a tempos, nem que seja via facebook.
Lembro-me de passar para o secundário. Já não sofria tanto, somente uma tentativa de furto aqui e ali, um achincalhamento mais ou menos público, quem andou nas Cavaquinhas na mesma altura em que eu andei saberá do que falo. Lembro-me de um jornal da escola que trazia uma notícia, uma percentagem alta de alunos era assaltada todos os dias, nomeadamente os abaixo do 10º ano.  Era considerada a pior escola do concelho, haveria razões para isso. Mas as coisas mudam e quando saí de lá, deixei uma escola diferente daquela que encontrara. Hoje é uma das escolas "finas" do concelho.
As crianças, os jovens podem ser cruéis. Na tentativa de marcar a sua posição, de mostrar quem e como são foram-no/terei sido algumas vezes. Mas crescemos, aprendemos com os erros, com o que de mal fazemos e cometemos aos outros. Alguns, pelo menos, outros devem ter enveredado por caminhos menos legais.
De vez em quando lembro-me nostalgicamente e com um sorriso de alguns acontecimentos, pequenos, parvos, delirantes, "saborosos".
De uma vez quase pegámos fogo à escola, sem querer, claro. Doutra, colocámos uma árvore dentro de uma sala. No Carnaval rebentámos um número estúpido de bombinhas de mau cheiro numa sala, para ver se saíamos mais cedo. Azar! A Professora deu-nos aula de porta fechada.
Lembro-me de um colega abrir o guarda-chuva numa aula, estávamos na primeira fila e a professora afogava os nossos cadernos com perdigotos. Lembro-me de ter sido mandado para a rua injustamente, antes de fazer 20 metros tinha 7 ou 8 colegas atrás de mim, por amizade (e desinteresse da aula, claro, mas o ponto não é esse).
Lembro-me dos intervalos. Das amizades confirmadas nos intervalos.
Fomos o que fomos, somos o que somos em conformidade com as experiências passadas. Ao ouvir notícias mais ou menos recorrentes de agressões, faltas de respeito pergunto-me se o mundo mudou assim tanto.
Se algumas das turmas que na altura eram vistas como terríveis hoje seriam assim assim.

1 comentário:

  1. Interessante saber o que realmente fixou em sua memória da vida passada na escola.

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